segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Teu amor
É uma semente forjada
Plantada pelo meu coração de Narciso
E por causa disso
Não aguento mais me olhar no espelho

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Abro as cortinas do teatro
Para que me vejas
Encenar sozinha o último ato

Busco a emoção no teu amor ausente
Displicentemente esquecido
De simplesmente nascer

Finjo que nunca vejo
Esses teus olhos que só sabem dizer adeus
E sempre dizem

Troco qualquer sabor de sono
Por um minuto de palavras tuas
Porque elas são salgadas e eu gosto de sentir a língua arder

Pinto uma nova imagem tua a cada dia
E permito-me assim
Permanecer criando-te como bem quero

E crio-te em notas
Em músicas de oito minutos e meio
E em meia dúzia de palavras num haicai

Para que existas
Faço qualquer sacrifício
Faço da vida poema e tragédia grega

Faço até sonho
Essa coisa que detesto

Para entender os sinais da tua pele
A preguiça nos teus olhos
E as brancas nuvens por entre teus lábios

Por isso faça-me apenas esse favor
Se tiver que ir, não assista meu ato triste
Como platéia cansada e insolente

Se tiver que ir
Vá logo de vez
E me deixe

Que sozinha
No pequeno hiato entre cada pas de bourré
Te perderei um pouco no fechar de meus cílios

E prometo,
Prometo:
Dessa vez não vou olhar pra trás.
Em meio a esse desagradável e - até então - desconhecido tipo de solidão que se sente numa terra estrangeira, {onde a aridez me sangra as narinas e o coração te sente a cada batida}, de repente me dei conta.
Percebi onde fica o único tipo de lar que preciso.
Bem ali, naquela esquina.
No eixo central, paralela entre a rua do teu braço direito e a rua do teu braço esquerdo.
Lá é o meu lugar.